OSSOS: Marciús Pezzi - "precisamos saber relevar as nossas falhas e fraquezas e saber celebrar as pequenas conquistas diárias."


Thrash metal de muita qualidade, letras dilacerantes cantadas em bom português e um instrumental destruidor, com levadas e riffs empolgantes. Quem já viu o show da banda OSSOS sabe do que estou falando, pois estou com as pancadas até agora na cabeça. Então, nada melhor que começar o ano entrevistando a voz da banda, MARCIÚS PEZZI. Confere aí:

HEAVYNROLL - Tudo bem Marciús? Primeiramente, quero agradecer o seu tempo em responder esta breve entrevista. 

MARCIÚS - Opa , tudo ótimo, melhor agora.

HEAVYNROLL - MARCIÚS, você é vocalista da banda OSSOS. Gostaria que contasse um pouco da história da banda, quando e como tudo começou? 

MARCIÚS - Tudo começou em 1997/1998 quando emprestava o espaço ‘garagem’ da minha casa para os fundadores da banda ensaiarem, eu ensaiava com outra banda no mesmo local em um horário antes, com isso o pessoal chegava antes e dava tempo de acompanhar nosso ensaio. Em um destes ensaios, o antigo vocalista deles faltou e me convidaram para dar uma palinha, estou até hoje nos vocais, (Risos). 

HEAVYNROLL - E você? Como se enveredou nessa “vida ingrata” da música? 

MARCIÚS - (Risos) boa essa! Então,.. Começou tudo onde eu estudava, batucava quase que a aula toda nas mesas e minha professora da 2º série não me expulsou, bem ao contrário, indicou o meu nome na lista da banda marcial da escola. Depois dessa bela experiência conheci muitos músicos que são meus amigos até hoje. Virei baterista e toquei em algumas bandas, umas que formei outras que entrei de metido até me cair a ficha que não era minha praia, foi quando comecei a história de compositor e vocalista, uma das coisas que mais gosto de fazer.

HEAVYNROLL - Antes de ser OSSOS, a banda se chamava “Ossos do Ofício”. Por que a mudança do nome? 

MARCIÚS - Pois é, uma pena mesmo ter de trocar o nome, a galera toda já conhecia, mas como todo bom brasileiro deixamos para última hora o registro, como na época não havia nenhuma outra banda OSSOS DO OFÍCIO a gente não se preocupou, mas de um tempo para cá, resolvemos fazer tudo certinho, foi então que descobrimos que tem mais de 5 bandas com o mesmo nome e uma delas entrou em contato falando que já tinham a patente desde 2008. Mesmo argumentando que a nossa, Caxiense, era mais antiga, não adiantou, para a lei vale o primeiro que registrar. Pesquisamos só por OSSOS e por incrível que pareça não existe, então corremos e já fizemos tudo certo agora, somos OSSOS e sempre seremos, realmente ficou melhor. A banda está numa fase mais "ossos".


HEAVYNROLL - Você me disse, no ano passado, alguma coisa a respeito de estarem preparando material novo. O que a banda nos reserva para 2016? 

MARCIÚS - Uma agenda cheia de shows para 2016, alguns em Caxias. Shows que prometem uma energia de deixar o pessoal cansado de tanto bater cabeça. Viemos do hardcore, na alteração de nome houve uma mudança de sonoridade onde nos tornamos mais agressivos e pesado e assim também conquistamos o público do metal. A banda esta terminando 2 álbuns, um ao vivo e outro com inéditas. Os dois álbuns foram especialmente criados para esta galera que sofre tanto com o nosso cotidiano: política, música ruim, putaria, esse pessoal esta louco para liberar a fúria guardada, então 2 surpresas de libertação para quem merece escutar e dar murros nas paredes, (Risos).

HEAVYNROLL - Você é declaradamente um grande fã de MOTÖRHEAD e percebi que a morte de Lemmy te afetou bastante. Gostaria de saber o que Lemmy representava pra você e também, quais são as maiores influências de MARCÚS PEZZI? 

MARCIÚS - O que o LEMMY representava para mim? Put’s, chorei feito criança com a notícia, a música do MOTÖRHEAD exerce salutar influência sobre a alma e a alma que a concebe também exerce influência sobre a música. A alma virtuosa de LEMMY, que nutre a paixão do bem desdentado, do belo com verrugas, do grandioso e que adquiriu harmonia com um baixo, produziu obras-primas capazes de penetrar as mais endurecidas almas e de comovê-las. Como falou OZZY uma vez , "Não sei realmente quem criou o Heavy, se foi o Sabbath ou o Lemmy. Acho que foi meu amigo Lemmy". 
Conheci MOTÖRHEAD em 1984 com o clássico "No Remorse", eu era muito novo e chegou um tempo que virei um fã ao extremo, aqueles chatos de brigar com os amigos defendendo a banda, era daqueles de guardar recortes de revistas, tatuagem da banda e tudo mais. Coisa de piá, agora só fica a saudade, ainda bem que consegui vê-los ao vivo no Monsters! 
Minhas maiores influências são minha esposa NANDA, que colocou minha vida no rumo certo e MOTÖRHEADque com o som nas alturas me faz relaxar.

HEAVYNROLL -  Em 2015, vocês colocaram no ar o videoclipe de “Músicas de Funeral”, muito bacana por sinal. Como foi o processo de criação do vídeo? 

MARCIÚS - Tivemos ajuda de um amigo e cliente que é publicitário que já deu mastigado o clip, mas a edição foi muito demorada e cansativa, depois de tanto trabalho o resultado ficou show de bola, tomara que seja um dos melhores de 2015, (Risos)

HEAVYNROLL -  Quem são os integrantes do OSSOS hoje? 

MARCIÚS - MARCIÚS PEZZI - vocal, VAGNER AZEREDO - baterista, CLAITON MACEDO - guitarra base, GUSTAVO GONÇALVES - Guitarra solo e MAIVAN UGOSKI - baixo.

HEAVYNROLL - Você também é um tatuador de mão cheia. Como tem sido a procura por tatuagens nos últimos anos? Tem bastante gente se tatuando hoje em dia, não? 

MARCIÚS - Sim, aumentou muito de uns 10 anos para cá, principalmente no sul do país onde à cada 10 pessoas 7 tem tatuagens, o que mais me surpreendeu foi a idade dos clientes que estão nos procurando, idades de 27 à 86. Isso mesmo, 86!

HEAVYNROLL - Eu acredito que preconceito com tatuados está caindo gradativamente, mesmo assim, vemos muitas entidades, públicas e privadas, que não aceitam pessoas com esta arte na pele. Com sua experiência, o que você tem visto ultimamente e qual a opinião sobre isso? 

MARCIÚS - Na minha opinião a tatuagem passou quase todo o século XX sofrendo com o preconceito ancestral herdado desde a Idade Média, mas graças ao culto à personalidade criado pela mídia para poder falar sobre cantores, atores e diversas personalidades notórias, a tatuagem começou a ser vista também como uma forma de expressão artística. 
A partir da “invenção da juventude” como mercado consumidor, em meados da década de 1950, e dos ditames estéticos propagados pelos ídolos desta juventude, principalmente cantores de rock, a tatuagem começou a sair do gueto e invadir os “grandes salões da sociedade”. Se hoje os estúdios de tatuagem multiplicam-se graças a uma horda crescente e insaciável de jovens e adultos que aderem à tatuagem como forma de expressão e homenagem, há também um grande preconceito profissional contra a tatuagem, principalmente nas profissões mais tradicionais, como médicos, engenheiros e advogados. 
A visão do público ainda é altamente preconceituosa, e isso dita a contratação ou não de um profissional tatuado. A tatuagem não é mais demonizada pela população como antigamente, e isso se deve à adesão de pessoas famosas que são adoradas pelo público e que aparecem ostensivamente na mídia mostrando sem pudor as tatuagens que cobrem partes visíveis do corpo. 
O principal foco de preconceito contra tatuagens ainda é o mercado de trabalho, mas setores mais conservadores da Igreja católica, seitas neoevangélicas e até mesmo cidades interioranas com prefeitos conservadores mantêm a tatuagem em um gueto de desprezo, ojeriza e até mesmo ódio.

HEAVYNROLL - Conhecendo um pouco mais de MÁRCIÚS PEZZI, me cite o seu álbum favorito: 

MARCIÚS - (Risos), como um mega fã de MOTÖRHEAD eu citaria qualquer um da discografia deles, mas desculpa galera, o meu favorito é do SEPULTURA, "Chaos A.D" de 1993. Puta de um álbum, esse mudou de vez a minha vida musical.

HEAVYNROLL - Um momento inesquecível? 

MARCIÚS - Quando olhei meu avô no canto da sala de um hospital, sem vida, atirado lá como se fosse um pedaço de carne, a partir dali dei mais valor ao tempo, a vida. Não consigo mais dar ouvidos à desperdícios.

HEAVYNROLL -  Um show inesquecível? 

MARCIÚS - Somewhere Back in Time World Tour do IRON MAIDEN em 2008, nunca mais vou esquecer, foi um dos únicos shows que falei para mim mesmo, posso morrer em paz agora! E olha que vi vários shows mas este foi para recordar toda minha infância.

HEAVYNROLL - “That´s all folks”! Gostaria de agradecer mais uma vez o seu tempo e deixo este espaço para as considerações finais: 

MARCIÚS - Nós precisamos aprender a ter orgulho do que somos, do que fazemos e do que temos. Precisamos ser menos críticos e menos cruéis conosco, precisamos saber relevar as nossas falhas e fraquezas e saber celebrar as pequenas conquistas diárias. Os nossos dias são feitos de pequenos passos e é com o sucesso dos pequenos passos que vamos chegar onde queremos. 
Obrigado á todos da Heavynroll por deixar falar tanta bobagem, (Risos) em especial ao MARCO PAIM pela lembrança. Continuem assim, apoiando a cena, com isso as bandas se tornam fortes!

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5 álbuns que MÁRCIÚS está ouvindo neste momento:

"Overkill" - MOTÖRHEAD
"kill em all" - METALLICA
"L.A Woman" - THE DOORS
"From Enslavement to Obliteration" - NAPALM DEATH
"Cada Dia Mais Sujo e Agressivo" - RxDxP

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