LOTHLORYEN: Daniel Felipe - "O tratamento profissional dado ao músico é absolutamente gigantesco e digno de uma real profissão"
[ENTREVISTA] Por Marco Paim
HEAVYNROLL – Daniel comece contando um pouco de sua história. Como decidiu cantar, e quando começou sua carreira profissional?
DANIEL - Opa! Muito obrigado pelo prazer e honra da entrevista! Bem, eu e meu irmão, Ivo Felipe, começamos a cantar desde que nossa mãe (Mamushca), tocava seu violão pela casa e nos ensinava um pouco da beleza musical. Daí em diante, foi só escutar os primeiros vozeirões do metal que eu já decidi que queria fazer isso também (risos). Mas a coisa ficou mais séria mesmo quando montei minha primeira banda, SHADOW TEMPLAR, em 2000, com grandes amigos, como William Santos (ex-THE DARKNESS Cover) e Aníbal Pontes (ex-RYGEL). Em 2004, com o fim da primeira banda, fui chamado ao RYGEL e gravei o primeiro álbum, o EP "A Long Way To...". Assim começou a carreira musical.
HEAVYNROLL – De volta de uma turnê européia com o LOTHLORYEN, quais foram as impressões desta viagem? O que mais marcou e o que você se arrepende?
DANIEL - Fantásticas! Tínhamos muito receio de como seria o convívio diário durante quase 30 dias, mas foi maravilhoso. O ambiente da viagem foi muito agradável e divertido, tanto que até os motoristas e tour manager riam e bebiam com a gente toda noite. A recepção do público foi contagiante, especialmente na Romênia, e conhecemos lugares deslumbrantes. Além disso, o tratamento profissional dado ao músico é absolutamente gigantesco e digno de uma real profissão. Só me arrependo de três coisas: De não ter ido antes; De não ter bebido mais; e de não ter ficado em Kavala, na Grécia, onde quase resolvi morar (risos), mas talvez eu vá no futuro (Risos)
HEAVYNROLL – Acompanhei o “Diário de bardos”, muito engraçado por sinal. Lá vocês desses lugares bacanas, mas o que mais chamou a atenção foi a sede do grupo (risos). A banda realmente tem essa sede toda?
DANIEL - Ah, sim! Logo na primeira noite da viagem, em Milão, encontramos cervejas fenomenais por 0,49 centavos!!! A nossa alegria no mercado, era descomunal e os locais não conseguiam entender o porquê de nosso êxtase de felicidade, foi engraçado, ríamos à toa. Com cerca de 70 cervejas em sacolas e caixas, chegamos ao hostel e o dono, esbugalhando os olhos, indagou, perplexo: "Vocês vão beber tudo isso aqui?!", ao que nós dissemos: "Hoje" (risos). De fato, nossa sede não saciava e entre incontáveis tipos de cervejas e tubões, vivemos momentos memoráveis, especialmente na praia de Kavala, Grécia, e em um "metal-karaoke", em Petrosani, Romênia. Não é à toa que faço parte de um clube de cervejeiros, o Fondo Blanco Beer Club, e que a banda lançou sua própria cerveja, pela Cervejaria Marchese, e tem parceria com o Hidromel Valkiria (risos). Atualmente, pensamos em mudar o nome da banda para "GoróLöryen", vamos ver (risos)
HEAVYNROLL – Li também que a receptividade do público foi muito boa, sempre com a casa cheia onde tocaram. Gostaria que comentasse sobre isso e fizesse um comparativo com o Brasil.
DANIEL - Verdade, isso foi até um destaque em um blog do Estadão. Bem, o público de lá é muito participativo e muito menos frio do que imaginávamos, especialmente na Romênia, que rebatizamos de "Rockmania", ante a loucurada da galera nos 4 shows que fizemos lá. A aquisição de merchandising é muito boa e torna a viagem rentável! Mas o público brasileiro, especialmente do Sul de Minas Gerais, é incomparavelmente muito mais louco e selvagem!! Há qualidades diferentes de país a país, mas sempre havia um calor muito bom na receptividade. A grande diferença do Brasil é a falta de profissionalismo em muitos eventos, mas estamos melhorando nisso, pelo que percebemos nos últimos shows do Brasil, em especial os de Mococa, Curitiba e Itapeva, estes dois últimos onde voltaremos tocar em setembro/2013.
HEAVYNROLL – Por que decidiram regravar “Some Ways Back No More”? Fale também sobre as participações especiais.
DANIEL - Por que alguns caminhos voltam (risos). Haverá a participação de Bil Martins, grande amigo meu e vocalista das bandas HELLISH WAR e DARK WITCH! As participações, enfim, ainda de Juninho, do VETOR, e Aníbal Pontes, todos nos vocais, são porque os três são donos de competentes vozes e vão somar aos backing vocals do álbum. Ainda temos o Christian Dozza, nosso grande violonista que costuma aparecer em nossos álbuns. E, claro, o Heverton Souza, da IMPERIUM INFERNALE, fantástico! Bem, o álbum será relançado porque a divulgação dele, na época, não foi muito bem aproveitada e ele possui "hits" que tocamos em todos os nossos shows. Ademais, ele será disponibilizado apenas na Europa, através de nosso selo alemão, Power Prog. Então é algo promocional pra esse novo público da banda! Claro que algumas cópias importadas chegarão por aqui também, mas de forma muito limitada, a não ser que exista uma proposta muito boa de alguma gravadora daqui.
HEAVYNROLL – Em Setembro vocês iniciam uma nova turnê. A banda já tem um roteiro mais ou menos definido?
DANIEL - Será uma turnê especial pelo relançamento do "Some Ways...", bem curta e com repertório único! Começamos em Setembro, em Avaré, Curitiba e Florianópolis, e só Deus sabe onde vai terminar (Risos). Mas ainda no fim do ano começamos a preparar um novo álbum, então será um período curto de shows mesmo! Queríamos tocar no Rio Grande do Sul, mas quem sabe ano que vem, se pintar uma turnê Sul-Americana, fique mais fácil ir pra aí da Argentina do que de Minas Gerais.
HEAVYNROLL – Além do LOTHLORYEN, você também é vocalista da veterana RYGEL, como você concilia as atividades das duas bandas, já que são de estados diferentes, uma de Minas e outra de São Paulo?
DANIEL - Não sei como eu conseguia fazer isso (Risos). Sim, eu disse conseguia. Recentemente foi anunciada minha saída do RYGEL (15.jul.2013), pois realmente era insustentável conciliar as duas agendas, mas minha vida familiar e outras atividades (trabalho, teatro e dublagem). Eu percebi que não conseguia mais contribuir à RYGEL e em conjunto com a banda, tomei essa decisão. A banda é uma família que precisa do empenho de todos e eu não conseguia suportar não poder contribuir às atividades, especialmente nas composições atuais. O RYGEL deve gravar um CD no fim do ano e também tem show em Sorocaba, em setembro! É a primeira entrevista em que falo disso. Exclusividade (risos).
[NOTA] A Entrevista foi enviada no dia 14/07, por isso as perguntas a seguir continuam falando do RYGEL.
DANIEL - A RYGEL se transformou muito, especialmente se jogarmos nessa comparação, ainda, o EP "A Long Way To...". Tudo se deve à diversidade de influências dos integrantes. Mas a banda encontrou sua melhor forma na sonoridade mais agressiva, flertando com o progressivo, que deve ser a toada dos próximos trabalhos e da carreira da banda!
HEAVYNROLL – Recentemente o RYGEL lançou um vídeo com a versão acústica da música “Leave me Alone”, além disso, o que a banda anda aprontando, algum projeto para este ano ainda?
DANIEL - Sem dúvidas. Apesar de recém ex-integrante (risos), tenho a dizer que a banda prepara um álbum novo pro começo do ano que vem e logo muito mais peso, porrada e agitação estão por vir. Até eu estou ansioso pra ouvir como vai ser a nova sonoridade da banda, já que agora vou acompanhar como fã (risos)!
HEAVYNROLL – Quais foram os teus mestres, diretos ou indiretos, tuas influências?
DANIEL - Ah, muitos são os mestres do metal nacional, como Percy Weiss, André Mattos, Mario Pastore, o próprio Edu Falaschi, entre outros... Minhas grandes influências foram, no começo, Eric Adams, Freddie Mercury, Mario Pastore, Hansi Kürsch e B.B. King, além do também brasileiro Gessé, cuja impostação eu admiro demais. Atualmente, além das permanentes influências mencionadas, Roy Khan é um cara que me inspira muito! Também acho Jorn Lande e Russel Allen fantásticos!
DANIEL - Obrigado!!! Necessário mesmo fazer algumas distinções nos vocais de RYGEL e LOTHLORYEN, já que ambas caminham por sonoridades diferentes. Eu gosto que a voz soe dentro do contexto musical, com a interpretação das letras. O RYGEL sempre teve letras de protesto, mais agressivas, enquanto a Loth traz elementos épicos e de reflexão, com uma dinâmica diferenciada e especial. Fico contente que tenha agradado os ouvintes de ambas (risos). Quanto à formação vocal, além dos primeiros passos em casa, considero que a vocalista Karol Souto (MERCENÁRIOS DO ROCK) foi a mãe da minha voz, já que fiz três meses de aula com ela, ainda em 2004, em Santos, e foi onde descobrimos as sonoridades do timbre e as bases pra minha forma de cantar. Depois dela, fiz umas duas ou três aulas com o Nando Fernandes, especificamente sobre respiração, em 2011. Fora isso, o palco, os ensaios e, principalmente, as composições é que foram moldando minha voz.
HEAVYNROLL – Quais os vocalistas brasileiros que você destacaria hoje em dia. Que você ouve, aponta e diz “Uau! isso é bom!”?
DANIEL - Poxa, da "safra nova", gosto muito do André Leite, ex-HANGAR, da Helena Martins, ECLIPTIKA, além do jeitão diferente do Draco, do BARBARIA, Juninho do VETOR e Bil Martins da HELLISH WAR! Claro que continuo admirando a eterna grande forma de André Matos, Mario Pastore, Nando Fernandes, o veterano Percy, Pompeu e Vitão Rodrigues!
HEAVYNROLL – O primeiro álbum de rock/metal que você escutou?
DANIEL - Foram dois CDs emprestados de meus grandes amigos Juliano Zamonelli e William Santos: "Kings of Metal", do MANOWAR, e "Tales From the Twilight World", do BLIND GUARDIAN. Foram minhas duas primeiras lições de heavy metal, e como dá pra ver, já pulei a escola clássica e comecei na Power (risos)
HEAVYNROLL – Somos um Blog do RS, gostaria de saber o que você conhece alguma coisa do rock/metal gaúcho?
DANIEL - Eu gostava muitíssimo do AKASHIC! Muitíssimo!!! E fiquei muito triste com o fim da banda. HOLLINESS também é uma ótima banda, agora sediada em sampa! Mas conheço pouco daí, infelizmente... Espero que a LOTHLORYEN possa visitar o Rio Grande do Sul em breve, pois tem muita coisa boa pra conhecer!
HEAVYNROLL – Felipe, agradeço a tua atenção e desejo só o melhor para você e aos projetos que estão por vir. Deixo o espaço para você fazer suas considerações finais aos leitores do Heavynroll!
DANIEL - Eu é que agradeço toda a atenção e carinho! Desejo a mesma senda de sucesso pra todos vocês! E leitores e ouvintes, continuem a apoiar a cena do metal nacional, participando de cada atividade, como pequenos shows locais, festivais e leituras dos blogs e sites que muito acrescentam pro crescimento e mantença de nossa cena. Ela depende de nós mesmos e do nosso apoio constante. Confiram, em breve, os novos trabalhos da LOTHLORYEN e da minha ex RYGEL (risos), além dos projetos que estou bolando à parte para o ano que vem. Felicidades e sucesso sempre!!
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O QUE O DANIEL FELIPE ANDA ESCUTANDO?
Pain of Salvation - "Road Salt Two"
"B.B. King & Eric Clapton - "Riding with the King" (ouço sempre - risos)
Fair to Midland - "Arrows & Anchors"
Sentenced - "The Cold White Light"
Gaelic Storm - "Special Reserve"
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DISCOGRAFIA
"Some Ways Back no More" (2008) - LOTHLORYEN (backing vocals)
"Realities... Life As It Is" (2009) - RYGEL
"Imminent" (2012) - RYGEL
"Raving Souls Society" (2012) - LOTHLORYEN
"Unfinished Fairytale" EP (2013) - LOTHLORYEN
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LINKS
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